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Aumenta déficit na alfabetização de crianças em 2 anos

O número de crianças com alfabetização abaixo da média é preocupante. Entre 2019 e 2021 esse número doboru de acordo com o Ministério da Educação (MEC).

alfabetização abaixo da média
alfabetização abaixo da média

O número de crianças com alfabetização abaixo da média é preocupante. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) divulgou informações sobre o Saeb. De acordo com as estatísticas, a quantidade de crianças com dificuldades para ler e escrever dobrou de 2019 a 2021.

Mais especificamente, o número de crianças com alfabetização abaixo da média era de 15%. Em contrapartida, em 2021, essa proporção passou para 33,8%. Esse número mostra o crescimento da quantidade de crianças com nível de leitura e escrita abaixo da média para a idade.

Os frutos dos 2 anos em casa e o número de crianças com alfabetização abaixo da média

O ensino remoto foi o principal responsável por esse alto número de crianças com alfabetização abaixo da média. As estatísticas indicam que, no Brasil, a cada dez alunos, três apresentam dificuldades para ler. Além disso, não conseguem escrever palavras fáceis. De acordo com o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb).

dentre todas as estatísticas, os alunos da segunda etapa do ensino fundamental foram os que apresentaram uma maior queda no desempenho. Esses dados servem para comprovar os prejuízos do período da pandemia. Afinal, a faixa etária desses estudantes corresponde ao período principal da alfabetização infantil. De acordo com o Saeb, a disciplina de Língua Portuguesa foi aquela que apresentou as menores notas.

Dentro do esperado

Logo, o número de crianças com alfabetização abaixo da média deixa a situação ainda mais grave. Com relação à prova, a média de 2019 foi de 750 pontos. Em 2021, a nota caiu para 725,5. ou seja, a cada dezena de crianças, quatro não conseguiram ler nenhuma palavra.

O aumento foi notável e ilustra um cenário educacional preocupante. Além disso, mostra um enorme desafio para os próximos anos. Afinal, ele precisa ser revertido. Ernesto Faria, diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) afirma que o número negativo era mesmo esperado.

Afinal, ele indica o desafio de ensinar os pequenos a ler e escrever à distância. Contudo, afirma a necessidade de adotar medidas para mudar o cenário, que se mostra preocupante. Apesar da queda da qualidade do ensino ser esperada devido às mudanças do isolamento causado pelo novo coronavírus, o cenário negativo é ainda mais acentuado. Nos anos anteriores a 2019, a avaliação era feita pelos alunos do terceiro ano da etapa fundamental.

Hoje, o teste envolve também os alunos do segundo ano. Durante o ano passado, dez estados brasileiros decidiram manter o ensino remoto no segundo semestre. Essa situação agravou ainda mais o alto número de crianças com alfabetização abaixo da média. De acordo com Clara Machado, responsável pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica, o resultado negativo está dentro do esperado devido ao este cenário infeliz.

De acordo com a profissional, mais uma vez, vemos que este evento mostra a queda do nível da alfabetização. “Essas perdas são decorrentes, tanto do longo período de escolas fechadas, como também de dificuldades históricas dos nossos sistemas educacionais”, afirmou o ministro da Educação, Victor Godoy.

Aprovação de alunos

A aprovação dos alunos da etapa fundamental também sofreu os efeitos do período em EAD (ensino à distância). Além de contribuir para o número de crianças com alfabetização abaixo da média. Os números a seguir são resultados por município. Em 2019, a quantidade de aprovados no ensino fundamental era de 91,7%.

Já no ano de 2020, esse número passou para 98,4%. Em contrapartida, em 2021, o percentual caiu para 96,3%. O Ensino Médio de escolas públicas, o percentual de aprovação era de 84,7% em 2019. No ano de 2020, o número mudou para 94,9%. Já no ano de 2021, a taxa de aprovação caiu para 89,8%.

De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), esse aumento aconteceu devido a mudanças no critério de aprovação de alunos. Na época, a medida adotou regras para evitar reprovações durante os dois anos que se seguiram. Esse fato explica a contradição da queda da qualidade do ensino do país e o aumento do número de aprovações. Como consequência, vemos o alto número de crianças com alfabetização abaixo da média.

Aumenta o quadro de alfabetização abaixo da média

Alfabetização e ensino remoto

De acordo com especialistas, não é possível alfabetizar crianças à distância. Por isso, essa etapa escolar foi a mais prejudicada durante o isolamento em casa. Segundo o especialista Gabriel Corrêa, da ONG Todos pela Educação, os dados nacionais de alfabetização indicam uma situação preocupante Isso evidencia o que avaliações estaduais já mostravam.

Ele afirma que os piores números se referem à fase mais impactada pela Covid-19. Logo, vemos que não é possível alfabetizar crianças à distância. De acordo com Gabriel Corrêa, é preciso ter consciência da situação e adotar medidas para mudar o cenário.

Como funciona o Saeb

O Saeb é uma avaliação aplicada para alunos do 5º e 9º ano da etapa fundamental de ensino. Além disso, os alunos da terceira etapa do ensino médio também participam. Entretanto, desde 2019, alunos do segundo ano da segunda etapa do ensino fundamental também fazem o teste.

O sistema de avaliação tem uma escala de nove níveis para medir o aprendizado dos alunos. Conforme essa escala, cada etapa usa ferramentas para avaliar as habilidades esperadas pelos alunos. Um teste comum aplicado no ensino básico é a avaliação de habilidades de leitura.

Por exemplo, a leitura de palavras de poucas sílabas com e sem a ajuda de desenhos. Em 2019, o percentual que correspondia aos alunos abaixo do nível 1 da escala de proficiência era de 4,6%. Em contrapartida, em 2021, o número de crianças abaixo desse marco da escala subiu para 14,4%.

A desigualdade e o número de crianças com déficit na alfabetização

Os resultados das avaliações e o número de crianças com alfabetização abaixo da média são um reflexo das desigualdades. Estas ficaram mais intensas durante esta época. Afinal, não contar com acesso à internet e a ausência de computadores prejudicaram o aprendizado de um alto número de estudantes.

De acordo com pesquisa publicada neste mês na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, as crianças aprenderam, em média, 65% do conteúdo assimilado em aulas presenciais. Se compararmos com um ano escolar normal, pode-se considerar quatro meses de aulas perdidas.

Entretanto, a situação de crianças socialmente vulneráveis é ainda mais grave. Elas aprenderam, em média, 48% do conteúdo que estudavam em aulas presenciais. Fator que impacta diretamente o número de crianças com alfabetização abaixo da média. Esses dados representam o impacto do isolamento.