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Dólar: Como a alta da moeda americana muda sua vida

Uma das moedas mais valorizadas ao redor do mundo, o dólar é almejado mesmo em época de alta. Mas o que isso significa na prática para nós, aqui no Brasil?

A desvalorização do real frente às moedas estrangeiras nos últimos dias afetou a vida de quem viaja para o exterior neste feriado. O dólar turístico atingiu R$ 5,69, alta de 4 centavos em relação à última terça-feira (5), após ganhos do dólar comercial nesta quarta-feira (6). Por outro lado, ontem o valor mais alto do euro era de 5,83 reais e hoje é de 5,80 reais.

As mudanças nessas moedas refletem condições externas incertas e, no caso do USD/REAL, os riscos fiscais no Brasil estão aumentando à medida que o PEC eleitoral avança. Em pesquisa realizada hoje pela GLOBO nas casas de câmbio do Rio de Janeiro, os preços variam muito entre as instituições ao longo do dia.

Por exemplo, na Casa Aliança, no centro do Rio, a cotação do dólar oscilou entre 5,65 reais e 5,72 reais e se estabilizou em 5,69 reais. O menor valor do euro foi de R$ 5,79, o maior foi de R$ 5,83, e a moeda agora pode ser encontrada por R$ 5,80. Mesmo com o aumento, a corretora disse que os negócios envolvendo moedas continuaram em alta. Mas, afinal, o que isso significa na prática para nós, aqui no Brasil?

Combustível e alta dos preços

As medidas anunciadas pelo governo federal para tentar baixar os preços dos combustíveis podem ser parcialmente compensadas por uma reação negativa do mercado, que já se reflete nas medidas de câmbio, taxa de juros e risco-país. A avaliação é de que o governo federal está abrindo mão de recursos significativos para facilitar cortes temporários de preços que não beneficiarão totalmente os consumidores ou os mais pobres.

Além disso, essas propostas prejudicaram as finanças estaduais, o que levaria à judicialização da questão. O custo do combustível – especialmente o diesel – está aumentando e continuará aumentando. Isso sugere que as medidas anunciadas pelo presidente Bolsonaro para limitar os preços dos combustíveis, como isenções de impostos federais e pagamentos zerados dos estados ao ICMS, não devem surtir o efeito desejado.

Durante o período eleitoral, o pacote do governo para baixar os preços dos combustíveis poderia reduzir a inflação e estimular a economia no curto prazo. No entanto, uma parcela significativa desses ganhos será devolvida em 2023, o que tende a dificultar as coisas para o próximo mandato presidencial.

Observe que o aumento dos preços do petróleo tira a pressão sobre o governo para reduzir o combustível no Brasil, o que mantém em alta esses preços abusivos que vemos nos postos. Acompanhando os preços do mercado internacional, a estatal não conseguiu repassar a queda do dólar devido aos altos preços do petróleo.

Preços disparados no mercado por causa do dólar

Mesmo que você não esteja no exterior, ter dólares no bolso ajuda muito. No Brasil, um dólar baixo nos ajudou. O combustível, o petróleo, por exemplo, é cotado em dólares, e se o petróleo subir, como está acontecendo, e o dólar cair, ele enfraquece. Por outro lado, quando o dólar se valoriza, pode dificultar a vida dos brasileiros.

Taxas de juros mais altas e preços mais altos de commodities no Brasil, com exportações cotadas em dólares, aumentaram a entrada de divisas no país, o que reduziu os preços. Mais investidores entrando na Bolsa de Valores de São Paulo também tiveram impacto. Os estrangeiros ainda veem as ações no mercado local como baratas.

A valorização do dólar não se reflete apenas nos preços dos produtos importados, mas também em diversas cadeias produtivas dos produtos nacionais. Quando nossa moeda foi desvalorizada, foi como se o Brasil se tornasse uma grande vitrine de publicidade. Nossos preços são mais competitivos, exportamos mais e trazemos preços do mercado externo para o mercado interno.

Alta do dólar também atinge o mercado

A alta do dólar se refletiu nas negociações entre produtores brasileiros, atravessadores e grandes varejistas, mesmo onde há cultivo de grãos ou criação de gado. Por exemplo, quando criamos porcos, usamos soja e milho que estão listados nas bolsas de valores internacionais. Se ficarem mais caros – e o milho também por causa da crise hídrica – podem poluir o preço da carne, ovos e outras proteínas.

Por exemplo, quando o preço da soja, do milho ou do barril de petróleo sobe nos mercados estrangeiros, também sobe automaticamente aqui. O varejista que procura um intermediário ou produtor para comprar o item ou matéria-prima para produzi-lo sabe que pagará o mesmo preço que vende no exterior.

Devemos esperar uma queda do dólar no futuro próximo?

Infelizmente, o futuro próximo não parece muito promissor para os brasileiros. As previsões para o dólar americano em dezembro permanecem otimistas em meio a uma provável queda acelerada dos EUA, liquidez reduzida do mercado, desaceleração na China e eleições difíceis no Brasil no próximo ano. Em um cenário pessimista, o câmbio chegou a 5,90 reais, segundo o banco.

Já entre os otimistas, R$ 5,40. Segundo o BTG, a queda recente do preço do petróleo devido a preocupações com a variante Ômicron não terá grande impacto no mercado de commodities, que deve continuar mantendo os preços elevados, o que é bom para as exportações brasileiras e, portanto, para o real. No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou que espera elevar a taxa básica Selic em 1,5 ponto percentual na última reunião do ano. Isso elevaria a Selic dos atuais 7,75% para 9,25%.

A própria alta da Selic deve contribuir para a queda do dólar, já que a tendência é atrair capital estrangeiro à medida que os juros sobem. No entanto, como o Federal Reserve está prestes a aumentar as taxas de juros nos Estados Unidos, tornou-se mais difícil para os países emergentes competir. Para o Brasil em particular, as preocupações fiscais alienaram os investidores.

As eleições podem mudar o cenário atual

Especificamente, para 2022, essa mudança de conta levará a uma lacuna no orçamento para custear um novo benefício de auxílio criado pelo governo, o Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 por mês. Mas há outras acusações, que acontecem em ano eleitoral. Questões fiscais à parte, as eleições do próximo ano naturalmente tornarão as perspectivas de investimento do Brasil mais incertas, reduzindo potencialmente os fluxos de entrada no Brasil, na avaliação do banco.